sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Gestão do conhecimento – como a empresa sabe o que ela realmente sabe?


Os grandes ganhos de produtividade, daqui para frente,
 advirão das melhorias na gestão do conhecimento”
Peter Drucker
Uma das grandes mudanças dos últimos tempos é, sem dúvidas, a abertura das fronteiras econômicas mundiais, guardadas, obviamente, as exceções, o que permitiu também a quebra de antigos modelos econômicos e de gestão. A conseqüência direta e mais perceptível no ambiente organizacional é a urgência por uma nova forma de tratar a informação e o conhecimento.
Hoje, podemos afirmar que existe também uma economia do conhecimento, que segue diretamente essa lógica econômica mundial, porém com um valor inverso, já que, diferentemente de um produto, o conhecimento não está sujeito à escassez. Sua valorização está exatamente no movimento contrário. Quanto mais conhecimento, maior é o valor, seja da organização, seja do profissional.
Mas não é tão simples como parece no texto. O conhecimento numa organização existe em várias escalas, graus de importância, setores e formas. Identificar e saber utilizá-lo da forma mais estratégica é o desafio maior. É para esse fim que existe a tão falada gestão do conhecimento. E o que é?
Utilizando a importante contribuição de Nonaka & Takeushi (1997), temos uma conceituação interessante, em que o conhecimento, diferentemente da informação, refere-se a crenças e compromissos. E para os autores, é preciso ainda classificar esse conhecimento em duas formas:
- Conhecimento explícito: mais facilmente transmitido, pois já está catalogado, em linguagem formal e historicamente é utilizado pelas organizações ocidentais na forma de comunicados, manuais e outros documentos semelhantes.
- Conhecimento tácito: é o conhecimento considerado mais importante e mais difícil de ser identificado e transmitido. Trata-se do conhecimento incorporado à experiência individual do colaborador e envolve crenças pessoais, perspectivas, intuições, habilidades e competências.
Além dessa definição, os autores em questão criaram uma espiral do conhecimento, que vai de tácito para tácito, de explícito para explícito, de tácito para explícito e de explícito para tácito. É um processo de articulação interna que permite a internalização do conhecimento por cada colaborador e é renovável, sempre em níveis mais elevados, fazendo com que o indivíduo aprenda sempre mais e aplique os conhecimentos em áreas diferentes:

E quando falo de gestão do conhecimento, não estou me referindo especificamente a um processo de formação ou educação. O tema e a ação devem ser bem mais amplos do que isso. Deve estar na base da estratégia empresarial e envolver a gestão das competências, do capital intelectual e os sistemas e modalidades de aprendizagem organizacional e educação corporativa.
A gestão do conhecimento tem, portanto, que abarcar e abranger todas as áreas de uma empresa, permitindo que se conheça melhor a cadeia de relacionamentos e todas as informações advindas dela. Clientes, fornecedores, colaboradores, canais de distribuição, processos de produção, concorrentes e mercado em geral são fontes ricas de informação, que contribuem para o gerenciamento dos conhecimentos de qualquer organização.
E para que seja efetiva, algumas questões importantes precisam ser respondidas:
- Há o comprometimento e engajamento das lideranças em relação às diretrizes para a gestão do conhecimento?
- A organização em questão está atenta às formas e contratos de trabalho modernas e seu impacto na produção e disseminação de conhecimento? Ela pratica as formas mais adequadas para o seu negócio?
- As políticas de recursos humanos estão adequadas à realidade e à estratégia que a empresa quer adotar? A empresa já sabe ou tem um plano para retenção de talentos? O recrutamento e seleção foi ou está sendo direcionado para uma prática coerente com a gestão do conhecimento?
- A gestão do conhecimento está atrelada aos resultados da organização?
- Existe um trabalho de estímulo aos comportamentos ideais dentro da lógica da gestão do conhecimento, visando os ciclos de aprendizado e compartilhamento individuais e coletivos?
- A empresa está atenta para a tecnologia e seus constantes avançso? Está usando os recursos mais adequados para a estratégia definida?
- A empresa conhece bem sua cadeia de relacionamentos e de valor? Definiu ações que contemplam todos esses públicos?
- Existe um sistema de aprendizado bem estruturado, com acesso ao conhecimento e fluidez em seu compartilhamento?

E, atrelados a todas essas questões, estão os desafios da organização em influenciar e mobilizar os colaboradores e as lideranças e em como classificar o conhecimento para poder utilizá-lo da forma mais estratégica.
São desafios inerentes à própria forma de gestão, mas que se enfrentados e bem resolvidos, representam sim uma vantagem competitiva. A empresa que faz bem a gestão do conhecimento, aprende a se reinventar diante dos cenários de competitividade e a gerar valor para seus públicos.
Compartilhe conosco suas opiniões e experiências!
Até o próximo!
Ubirajara Neiva
Gestor de Educação Corporativa e Relacionamento

NONAKA, I. & TAKEUCHI, H. Criação do conhecimento na empresa. Rio de Janeiro. Campus, 1997.

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